POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

segunda-feira, abril 12, 2010

JAIR BARBOSA — Nasceu em Vitoria, ES, morou em Governador Valadares e desde 1984 está radicado em Belo Horizonte. É poeta, bibliotecário. Coordena o Sarau de Poesia para o Corpo e a Alma, em Betim, Minas Gerais. Estreou na literatura em 2003 com o livro de poemas “Gomo de Tangerina” editado pela Anome Livros, Belo Horizonte.

EXÍLIO

© JAIR BARBOSA

de como depois de banido
fui me arrastando a uma terra estranha
de como sem perceber fui parar no olho
do furacão
e deu-se a compreensão acerca da folha que gira
e o seu movimento
mesmo com a legião de demônios solta no asfalto
a freada brusca os estampidos e o corpo estendido
não sei explicar.
escrever sob a violência
e transformar pedras numa torre de vigia.
mesmo sem anjos
mesmo sem beleza
mesmo sem paraíso...
dorme a minha parte mais sombria

EZI ASSUMPÇÃO — É natural de Jaguari, RS, mas vive nas margens da praia das Areias Brancas, em Rosário do Sul, RS, onde atua como médica. Estudou em Santa Maria e formou-se na Universidade Federal desta cidade em 1971. Desde o tempo da escola dedicava-se à literatura participando de concursos de contos e poesias no Colégio Manoel Ribas, onde tirou primeiro lugar com a poesia Joana. Seus poemas já foram publicados nos jornais locais de várias cidades do estado, na revista SIMERS e na Zero Hora, de Porto Alegre. Seu primeiro livro foi lançado pela Editora Alcance em 2005, intitulado Fragmentos.
Como experiência de vida viveu um tempo na Amazônia, onde morou num barco e conviveu com índios, registrando fatos importantes, executando a medicina e escrevendo sobre as coisas e os sentimentos no meio da floresta.
É sócia da Associação Brasileira de Médicos Escritores, sendo a coordenadora desta entidade no RS. Foi uma das fundadoras da Casa do Poeta Rosariense (Poebras Rosário do Sul) sendo a vice-presidente da primeira diretoria.

FRAGMENTOS

© EZI ASSUMPÇÃO

Deixa eu chorar em paz.
Deixa minha alma
partir-se em mil estilhaços
virar estrelas.
Deixa eu ser mar
maremoto
sopro de brisa
me fazer ventania.


Sou silêncio de tapera
sou riso, lágrimas.
Neste mundo louco
largada.
Sou fragmentos de quimera
sem você
nem que queira
não sou nada.


DIEGO DA SILVA RODRIGUES — Nasci em 1985 em Porto Alegre (RS), e resido atualmente em Juiz de Fora (MG), onde curso meu mestrado em Economia. Costumo dizer que me encorajei a escrever poesias após conhecer uma linda poetisa argentina, de olhos azuis, na estação rodoviária de Montevidéo – o que é a mais pura e simples verdade. De lá para cá, tenho praticado a deslinearização do raciocínio e me surpreendido com a mundeza dos meus sentimentos, que pensava eu, ingenuamente, serem somente meus.

Amores sem pena

de homens sós,
de vidas sem causas,
de esforços em vão,
de palavras levianas,
de noites insones,
de caminhadas solitárias,
de espaços no vácuo,
de torturas internas,
de angústias, enfim.

Amores sem pena
de nada.


© DIEGO DA SILVA RODRIGUES

MARCIA CARGNIN — É natural de Bento Gonçalves, onde nasceu no ano de 1956. Formada em Letras pela Universidade de Caxias do Sul, iniciou suas atividades literárias em 1976, publicando contos na imprensa local. Depois passou a publicar contos e poemas também na imprensa regional. Ao longo dos anos, obteve diversas premiações em concursos literários, tanto em nível municipal como estadual e nacional. Participou em quase duas dezenas de antologias e publicou sete livros: “Espelho Magia Mulher” (poesia, 1990), “Pele a Pele” (conto e poesia, 1994), “Homem-Mulher” (poesia, 1994), “Essas Crianças” (contos infanto-juvenil, 1998), “Crianças” (contos infanto-juvenil, 2000), “Meu Amor, Nosso Amor” (poesia, 2001) e “Haverá um novo amanhecer” (conto, 2003).

DELÍCIAS

© MARCIA CARGNIN

Quando o lençol branco for dilacerado,
quando tuas veias aflorarem o azul do céu,
a paixão violentar teu coração,
o tempo não se importar com o próprio tempo,
o calor da noite não provocar delírios,
o cheiro da relva te parecer um perfume discreto,
o sol cercar o teu hemisfério,
teu mundo te parecer pequeno,
significativo,
o prazer for sentido na sensibilidade de tua pele,
explode menina...
É hora de se fazer mulher.
É tempo que não acaba,
sonho composto de realidade.
Perda do homem no seu equilíbrio.
Batalha quase vencida.
É mulher em tempo hábil.
Semente do acaso nascido.
Um ponto germinado.
São cristais ao vento,
são delícias de verão.


ALSOM PEREIRA DA SILVA — Natural de Rosário do Sul, RS. Advogado (UFSM). Curso de Letras (Faculdade Imaculada Conceição/SM). Corretor de imóveis. Co-autor do livro “Crimes contra a administração pública e sua relação com o processo disciplinar” (Ed. Brasília Jurídica). É vereador, em segundo mandato, em Rosário do Sul. Exerceu vários cargos em diversos setores de atividades, entre eles, professor e diretor do então Ginásio Industrial dep. Ruy Ramos, professor do Colégio Estadual Plácido de Castro, ambos de Rosário do Sul. Foi prefeito de Rosário do Sul em dois mandatos. Secretário Substituto da Secretaria de Estado da Administração e Recursos Humanos do Rio Grande do Sul. Coordenador da Assessoria Jurídica da Secretaria de Justiça e Segurança do Estado do Rio Grande do Sul. Mantém, há mais de 25 anos, um comentário semanal na Rádio Marajá, de Rosário do Sul, da Rede Fronteira de Comunicação. É membro da POEBRAS Rosário do Sul e da Casa do Poeta Riograndense. Em breve deverá lançar seu livro solo sobre Poesia.

POR PARTE

© ALSOM PEREIRA DA SILVA

No mundo,
a gente vai fundo,
mas vai por parte.
A gente vai indo
e até vai sorrindo,
porque tudo é engenho e arte.

MARCELO MOURÃO — Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1973. É professor de ensino médio, poeta, letrista e romancista. Membro da Academia Brasileira de Poesia e participante do famoso site Alma de Poeta. É efetivo militante do movimento poético carioca na atualidade. É ex-aluno do Colégio Pedro II (1984-1992). No ano de 1991, participou como vocalista do conjunto Atos de Loucura no chamado Brock. Movimento este iniciado na década de oitenta e que revelou grandes bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs. Lançou-se nessa atividade justamente quando tal estilo musical encontrava-se em sua fase de esgotamento estético e mercadológico. Possui cinco livros ainda inéditos. No ano de 2008, lançará seu primeiro romance intitulado “Quem disse que o amor pode acabar?” e que tem como temáticas centrais o HIV, a Aids e a união sorodiscordante. No ano de 2009 comemorou seus 20 anos de poesia (começou a escrevê-las em 1989), com o lançamento de “O Livro dos Dias”. Este sendo uma coletânea dos melhores poemas feitos desde o início de sua trajetória até o ano de seu lançamento.

LÍNGUA DE FORA

© MARCELO MOURÃO

Que vontade de poder dizer
Tudo o que sinto
Tudo o que vejo
Sem ter nada a perder
Sem perder o ensejo
Que vontade de soltar o verbo
Soltar a bomba e não me esconder
Quantos estilhaços iriam pro ar?
O que iria de fato acontecer?
Que vontade de poder dizer
O que muita gente quer dizer
Mas que evita pra não se comprometer
Que vontade de ajudar o céu a amanhecer!


LEILA INES SIGNOR — É natural de Bento Gonçalves-RS, formada em Turismo, Relações Públicas e Jornalismo. Pós-graduada em Folclore e Educação.
Aposentada do Banco do Brasil. Gosta de cinema, livros e viajar. Participou do volume 8 de “Poesia do Brasil”.

QUOTIDIANO

© LEILA INES SIGNOR
Ontem, eu vi um filme.
Nele, tinha uma cidade antiga.
Haviam casas
Com jardins de petúnias
Uma igrejinha, e em frente, um coreto,
que aos domingos se enchia de sons,
ritmos, alegrias
e pueris donzelas
a passear com garbosos mancebos
Ah! tinha cheiro também...
de... torta de maçã
e biscoitos de gergelim...
Quando sai do cinema
senti o odor intermitente do esgoto
a frieza no olhar do porteiro
e quase fui atropelada por uma moto.


CLAUDETE SILVEIRA — Filha de Avelino da Silveira e Devercina Assis da Silveira, nascida no município de Santa Cruz do Sul em 13/12/1956. Desquitada, 4 filhos, 3 netos (até 2008). Professora Estadual concursada em Língua Portuguesa atuando na rede pública há 25 anos. Primeiro emprego e num período de 3 anos ainda, enquanto concluía faculdade, foi no comércio. Sindicalista durante 20 anos. Escrevo desde menina, infelizmente perdi meus rabiscos em uma mudança. Recomecei e hoje estou publicando em sites, comunidades e agora participando dessa linda antologia. Poetar é um dom. Escrevo porque gosto. Meus poemas sou eu, meus sonhos, meus devaneios.

ASSIM... SOU ASSIM

© CLAUDETE SILVEIRA

Que você me queira assim
Exatamente como eu sou
Por horas, liberta e atrevida.
Às vezes até incontida
De repente insana, mundana,
Desmedida.
Tristonha muitas vezes
Por males dessa vida
Mas feliz, sorridente,
Na maioria das vezes
Para ver-te contente.
De vez em quando mal-criada,
Estressada.
Em outras um doce de educada,
Amada.
De quando em vez silenciosa
Ociosa
Outrora, agitada,
Gata assanhada, desvairada...
Que você me queira assim
Queria estar perto de mim
Queira-me menina-amante-mulher
Só não queira mudar nada em mim.

BIA MARQUEZ — Carioca , nascida sob o signo de capricórnio, é acadêmica do curso de Direito e Letras com especialização em Língua Inglesa. É uma apaixonada por Literatura Medieval, em especial por Romances de Cavalaria tendo como trabalhos já realizados nesta área estudos e pesquisas sobre o trovadorismo medieval. incluindo os mitos e lendas do Rei Artur, os Cavaleiros da Távola Redonda e a Demanda do Santo Graal (Matéria de Bretanha). Através de seus estudos literários e acadêmicos está sempre buscando novas possibilidades que permitam um melhor aprendizado da Língua Portuguesa com ênfase em leitura e produção escrita.. Recentemente foi convidada a integrar a equipe de pesquisadores no Projeto de Iniciação Científica em Estudos Literários Infanto-Juvenis da Universidade Estácio de Sá. Participou da Oficina Literária Cairo Trindade, no Rio de Janeiro, da Antologia Poética “O Labirinto de Espelhos”. e “Antologia Delicatta III - Prosa e Poesia” que terá seu lançamento na 20a. Bienal do Livro, em São Paulo. Está em vias de finalização de seu primeiro livro de poesias. Acredita que uma das melhores formas de conexão com o mundo e tudo que nos cerca é através da poeia como ela mesmo diz: “Quem me dera transpirar letras além de meus poros e de minha razão” Bia Marquez.

ALQUIMIA

© BIA MARQUEZ

No vaso de barro
triturado, amassado,
água se transforma,
é o vinho que transborda:

Alquimia do meu ser !