POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

quinta-feira, abril 08, 2010

SONINHA PORTO — Sônia Maria Ferraresi nasceu em Cruz Alta (RS) e mora em Porto Alegre desde 1957, onde construiu sua vida de jovem, de mulher, de profissional, de mãe e mais recentemente (desde 2005) de poeta. Tem três filhos: Francisco (Chico), Guilherme (Gui) e Luiz Felipe (Shin), pessoas lindas, diferenciadas, e que deram o tom de seu viver. Formou-se na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em Comunicação Social – especialização em Relações Públicas (1979), atividade que exerceu durante mais de vinte anos na Caixa Econômica Federal, base que lhe favorece, atualmente, nos eventos ligados à cultura, que organiza como ativista cultural. Descobriu a veia poética no mundo virtual, com amigos no Site de Relacionamento Mundial – o Orkut - e com o desenrolar do tempo recebeu convites para atuar como colunista em alguns sites e portais da internet, como o Eunanet, Jornal o Rebate, Portal do Anand Rao, Vejo São José e o Blo Discutindo Literaura Crônicas.
Trabalhou na Casa do Poeta Rio-Grandense (CAPORI), como Assessora da Presidência (2006/2007) e Tesoureira (2007). É Consulesa dos Poetas Del Mundo da cidade de Porto Alegre, Coordenadora da área de Divulgação do Movimento Proyecto Cultural Sur, núcleo Porto Alegre, Membro-correspondente da Academia Cabista de Ciências e Letras de Arraial do Cabo/RJ e da Academia Momento Lítero Cultural de Rondônia.
Participou com destaque em vários concursos e faz parte de diversas antologias publicadas no País.
Administra com sucesso a comunidade virtual do Orkut, Poemas à Flor da Pele, que está registrada como entidade cultural, com quase 2.000 membros do Brasil e do exterior no Orkut, onde promove poetas e artistas, realiza concursos, E-books (livros virtuais, antologias e festivais de criação.
Organizou a primeira coletânea infanto-juvenil, “Poemas à Flor da Idade, com poetas da sua comunidade para oferecer aos alunos das escolas de Bento Gonçalves, durante a programação do XVI Congresso de Poesia, onde também lançou as antologias da Poemas à Flor da Pele (2008 e 2009), nessa cidade, durante o evento, com adesão de poetas de várias partes do País.
Tem um programa de arte e poesia na Rádio Web da Gente, veiculado na internet.
Ativista Cultural, Antologista, Poeta e Mãe.

POR SEGUNDOS

© SONINHA PORTO

Nos traços e contornos
borrifados de pigmentos
cenários são bem bolados
nos quadrantes do sonho

a vista se consome
peito se aligeira
repentinamente...
viaja a outra dimensão

leves teceduras
gris-breu-cor-luz
dão forças às tramas
delas se alimentam

sutil fração do enigma

apanhadura casual
olhar sem frescura
pontos suspensos
tudo em equilíbrio

linha do horizonte
figura fractal
toques na ponta dos dedos
adivinha o ponto final.


ELIANE MARTINS — Natural da cidade de São Paulo-SP, atualmente vive em Curitiba - PR. É professora no ensino superior por profissão e aprendiz de poeta por pura paixão. Seu gosto por poesia despontou em tenra idade. Publicou poesias em seu livro intitulado “Especiarias Poéticas”, em antologias poéticas e ainda, em revistas da Academia Paranaense da Poesia.
Pedagoga por formação desenvolve trabalho pedagógico educacional voltado à criança acometida por grave enfermidade tendo a poesia por eixo norteador.

VOCÊ EM MIM...

© ELIANE MARTINS

Você ainda é muito presente em mim...
Teu cheiro passeia por entre minha pele
em festa! Teu gosto, meu gozo-querubim
funde-se no mar do teu olhar, o azul expele.

Você ainda é muito presente em mim...
Tua voz aconchegada por sedutor sussurro
enleva o desejo latente de brincar no camarim
entre os risos erguer o grito moleque-casmurro!

Você ainda é muito presente em mim...
Tua alma vaga e afaga minhas entranhas
num malabarismo vertiginoso, fugaz-arlequim.
Ah dor! Doer em saudade por vidas estranhas?

Como é possível? Quem é você desconhecido?
Sei apenas que existes num turbilhão em motim.
Oh Deus! Acolhe este espírito tocado-vívido
neste amor que persiste em viver em mim

— você ainda é muito presente em mim...


RENATO DE MATTOS MOTTA — Nasceu e vive em Porto Alegre. É publicitário, poeta, faz xilogravuras, fotografias e histórias-em- quadrinhos, além de já ter trabalhado em teatro. Atuou nas peças “De como Raízes Transformam-se em Asas” de Cairo Trindade e “A Casa da Suplicação”, de Carlos Carvalho, 2º lugar em Conto no I Concurso Mario Quintana de Literatura DCE/ADUNISINOS; publicou “Pau de Poemas”, álbum de poesias ilustradas em xilogravura; “Salamanca”, adaptação para quadrinhos de uma lenda recolhida por J. S. Lopes Neto; além de uma coleção de fotopoemas e da “Coleção Fogo do Verbo” - caixas de fósforos com poemas. Junto com Alexandre Brito e Cláudia Gonçalves, criou a República da Poesia, sarau aberto ao público que acontece mensalmente. Participa como apoiador além de realizar leituras e oficinas nos festivais Porto Poesia e Porto Alegre dá Poesia.

XEQUE

© RENATO DE MATTOS MOTTA

Quando a vida ia me dar um xeque-mate,
a gata pulou sobre o tabuleiro!
Fez a maior bagunça!
Saiu pela casa
com o rei adversário
transformado em joguete
entre suas patas.
Foi aí que me dei conta
que a vida
é um cheque...
em
branco!


DENISE MÜLLER — Nasci dia 1 de julho de 1959 na cidade de Ribeirão Preto – São Paulo. Meu nome de registro é Denise Müller Corrêa, e depois quando me casei passei a me chamar Denise Corrêa de Mattos. Adotei como nome artístico Denise Müller, como uma homenagem a mim mesmo e aos meus descendentes alemães (austríacos) que muito colaboraram para a minha formação cultural. Sou psicopedagoga, com licenciatura plena e habilitação em Psicologia, Sociologia e História da Educação, e especialização em Administração Escolar. Na área artística desenvolvo trabalho em Xilogravura desde 1996, freqüentei a oficina de gravura no Museu Lasar Segal (SP), desenvolvi trabalhos em xilogravura para crianças em escolas em Ribeirão Preto. Participei de várias exposições individuais e coletivas, e fui premiada e selecionada em salões de arte estaduais e municipais. Sempre gostei de escrever poesias e elas vivem espalhadas por toda a minha casa. Gosto de escrever sobre os acontecimentos, e as impressões e sentimentos que eles me proporcionam. As poesias sempre fizeram parte da minha vida artística.

AUSÊNCIA

© DENISE MÜLLER

A pior ausência
É aquela que se tem
A sensação de ter
Mesmo na presença

É quando olho
Nos seus olhos
E não te encontro

É quando falo
Nos seus ouvidos
E não me ouve

É quando me pede
Para repetir o que falei
Porque você perdeu

Então tenho a sensação
Que por um segundo
Um terrível segundo de segundo
Você passa a ser igual
Tal e qual a todos

E eu perco a referência
E sinto que me enganei
Por um segundo
Um momento de segundos
Uma vida de segundos

Despedaçando
Mascarando
Dissolvendo
Momentos bons
Que fazem a diferença
Quando te encontro no olhar

ANTONIO SOARES (António Filipe Sampaio Neiva Soares) — Nasceu na freguesia de Mar, concelho (município) de Esposende - Portugal. Tira cursos superiores em Braga e Coimbra. De 1961 a 1968, leciona em colégios de Fátima e colabora em jornais: Fãogueiro; Cávado; Correio do Minho; Diário do Minho; Jornal de Barcelos; Voz do Minho; e outros. Alguma coisa na revista 4 ventos. Funda em abril /1963 o jornal quinzenário Fátima; publica seus primeiros livros de poesia: Oblíqua da vida; Silêncios de esfinge; Estátua de silêncios; e Quotidiano; Cultura e poesia (ensaios). A tragédia O filho dos montes sai em 1966. Em 1968 edita Poesia 67 e Cruz da Santa.
Em 1968 embarca para Angola onde permanece até 1975, salvas breves estadias em Timor e Luanda. Continua colaborando em jornais diários e periódicos e nas revistas Convivium e Aretê, por ele fundadas. Edita seus livros Namoro tropical, Lendo e comentando e as coletâneas Antologia Poética e Angolana. Em 1975, inicia a regência da cadeira, então criada, de Literatura Angolana, na Faculdade de Letras de Luanda/ex-Sá da Bandeira. Para a regência dessa cadeira edita mimeografado a obra Apontamentos de literatura angolana que teve imediata aceitação e serviu de base para outros autores.
Em 1975 é nomeado Leitor pelo Instituto de Alta Cultura, hoje Instituto Camões, órgão governamental português, para a PUC, Porto Alegre. Aqui continua os estudos e tira: Especialização em Psicologia Social ; Especialização em Psicologia da Personalidade; Mestrado em Psicologia Educacional ; Doutorado em Psicanálise Social ; Doutorado em Teoria e Crítica Literária. Em abril de 1979 funda o Instituto Cultural Português. Em 1982 ingressa na Universidade Estadual de Campina Grande/Pb onde, em 2004, se aposenta como professor titular. Entretanto vai editando livros, revistas, jornais e coletâneas. Seus últimos livros de poesia: Cá estou!; Jasminando; Poemas hoje; Insônia; Marasmo; e Rumor astral.. Ainda Um destino chamado Raquel, de contos e Crônicashoje. No momento edita as revistas Psi - Revista de psicanálise, psicossomática e psicoliteratura, Belezas Serranas e CAOSótica, do “Grupo15 Renascidos” a que também pertence. Em julho lançará a Revista Açores.

A FADA NOS SANGRA

© ANTONIO SOARES

A mão da fada esbanja-me o poente
e nessa raiva fervem-me os sentidos
Olhando eu a sentia acalentar-me
como faminto que rouba minha cruz
ou distância que apaga meu presente
ou doridas papoulas imitando
a suave ternura do pecado

As sereias dentando minha alma
contavam dum ulisses aromático
e duma velha moça marilin
Ela um quichote impondo a nova fama
Ele uma rosa que amesquinha o dólar
E nisto se decifra história de hoje
Só bunda e farsa tem valor e vez

O poente lá está na mão de fada
salitra intimidades que são minhas
Meus olhos babujantes pensam jaulas
e nelas meu futuro está dormindo
Pois há sempre um messias que avermelha
a devoção errônea dos fantasmas
O meu futuro a fada está sangrando

JULIANA MEIRA — É poeta, advogada, leitora contumaz. Reside em Porto Alegre - RS, onde participa de recitais de poesia. Em 2008, apresentou-se no PortoPoesia II evento que recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura. Em 2009, colaborou com o Porto Alegre Dá Poesia, como apresentadora. Autora de “poema dilema”, publicado pela Editora PortoPoesia, mantém o “tempoema” em www.juliana-meira.blogspot.com

releio versos
amarelecidos

e por ócio ou ofício
poupo as aquarelas

cadavéricas
no livro

observo a arte
através do vidro

o sol loucamente belo

rachando a tarde
amarelo-vivo

© JULIANA MEIRA


JOSÉ DO CARMO LIGESKI — Sou e não sou. Estou professor de línguas, pai, amante, poeta degustador de palavras. Flutuo entre idéias. Coleciono imagens que vou gravando no infindável arquivo da existência. Paranaense de pé vermelho, brasileiro convicto... cidadão do mundo. Vivo entre alunos, aprendo com eles que a vida é um presente do eterno presente. Vivo entre poetas, e com eles aprendo que o melhor poema está sempre em construção; que os melhores versos geralmente ficam esquecidos. Vivo entre amigos que me ensinam que os caminhos mais fáceis nem sempre são os mais apropriados à nossa caminhada.
Gosto de olhar as estrelas, sentir enciumado que talvez nunca possamos penetrar nos seus mistérios; gosto das coisas bizarras da vida, coisas que chamamos de fatos, coincidências ou acaso, mas nada mais são do que o eco da nossa insignificante racionalidade. Luto com a minha pobre inteligência de Homo sapiens. Luto para entender por que somos tão desenvolvidos a ponto de desvendarmos a grandeza de uma molécula num microscópio ou o assombroso número de galáxias que povoa o nosso Universo, e que essa mesma espécie de seres consiga perder o sono extasiado por uma “grande“ descoberta, mas consiga dormir em paz sabendo que seus semelhantes morrem de fome e de doenças nas diferentes instâncias deste maravilhoso Planeta.

A ETERNA BUSCA DO EU

© JOSÉ DO CARMO LIGESKI

De onde viemos,
para onde vamos?...
Sempre perguntamos,
sempre duvidamos,
ponto de interrogação
no infinito do Tempo.
Somos sementes espalhadas
pela mente Cósmica
neste pequeno horto
chamado Terra.

Nascemos...crescemos...
seara madura, colhida,
escola da vida
que viaja pelo infinito...
que vai e retorna
em outras searas...

Voltamos de mãos dadas
com muitas consciências
(apesar das ciências)
Nossa viagem sem fim
não acontece lá fora,
acontece aqui dentro...
do aqui e do agora!


GÊ FÁZIO — Sou uma pessoa tranqüila, ponderada e ando de mãos dadas com a vida, com a tranqüilidade e com o bem querer. Libriana, indecisa em algumas situações, porém feliz, muito feliz! Amante incondicional da verdade e da transparência, sonhadora ao extremo. Às vezes é preciso que alguém fale comigo e puxe os meus pés até ao chão, pois sou capaz de voar literalmente em meus devaneios, principalmente quando começo a escrever um poema. Sou amante da arte em toda a sua expressão. Gosto do desenho e da pintura. Paralelo aos meus poemas, já fiz alguns painéis de Arte Sacra para uma igreja, onde pintei painéis sobre a Vida de Cristo e destaco entre eles A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém. Considero-me uma das filhas prediletas de Deus pelo dom, pela coragem e pela vontade de aprender sempre! O maior presente que recebi até hoje foi acreditar na bondade, na harmonia e no amor.

FALANDO DE AMOR

© GÊ FÁZIO

Cantaram o amor...
Mas não ouviram
O som de sua voz falando baixinho:
— Bom dia amor!
E aconcheguei mais um pouquinho...
Enquanto lá fora...
Havia uma sinfonia rítmica
do acordar de todos os pássaros.
Exaltaram a simplicidade
e não imaginaram a riqueza em detalhes de
cada gota escorrendo por todo
corpo nas águas puras dos
banhados às margens do sinuoso rio,
purificando o corpo,
lavando a alma.
Falaram do belo,
Mas não fitaram o nascer da aurora,
o amarelo dourando o dia,
o azul cintilando o céu ao meio-dia
no toque das mãos e no olhar através.
Escreveram sobre uma alma-par,
mas não sentiram a sutileza da energia fluindo,
emergindo lentamente num olhar,
nas sensações de um toque...
no cheiro da pele,
no campo de luz em sincronia,
vibrando e descortinando
em puro amor.
Aninho-me em seus braços mais um pouquinho
e penso:
Ah! Poetas...
Nada sabem de nós.

CIDA MICOSSI (Aparecida de Lourdes Micossi Perez). — Natural de São Paulo, cresci em Descalvado/SP e moro em Santos/SP. Casada e mãe de dois filhos, desde criança me dediquei à leitura e me encantei com a poesia. Na adolescência arrisquei alguns poemas, mas foi somente na maturidade que me propus a escrever textos simples, sem maiores pretensões, a não ser expressar as minhas sensações. Também desenvolvi o gosto pela fotografia e, sem conhecimento técnico, saí com minha máquina a clicar situações que mexem com minhas emoções. Juntei textos e fotos e estou gostando da “brincadeira”.
Professora de Português e Inglês, pós-graduada em Direito Educacional. Participação com fotografias e poemas na Mostra dos Funcionários da Prefeitura Municipal de Cubatão - outubro/2007. Coordenação e aplicação de Oficina de Poesia culminando com a publicação do livro de poemas produzidos pelos alunos da escola onde trabalho: 2008
Premiação – 3ª colocação no Concurso de Poesia do Grêmio Literário Castro Alves de Porto alegre/RS em abril 2009 com o poema “Sensações de Minas”. Participação em Cirandas Poéticas na internet. Participação em entidades culturais:
Confreira Fundadora, Presidente Seccional Santos/SP e Presidente Regional CAPPAZ (Confraria de Poetas e Artistas pela Paz) no estado de São Paulo. Membro da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande – SP.
Publicações: 1º Calendário Poético – 2009, 2º Calendário Poético – julho/2009 a junho/2010. Participação na Antologia da Casa do Poeta em junho/2009. Livro no prelo: Realidade, sonhos e delírios.
Coordenadora e aplicadora - oficina de poesia no XVI Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves/RS para alunos das escolas públicas em outubro 2008.

EMOÇÕES

© CIDA MICOSSI

Onde jogo esta emoção
Que me explode aqui no peito?
Emoção que não tem jeito,
Cúmplice da solidão

Sigo assim, sempre sozinha
À espera d’alma minha
Gêmea, que se fará presente
Tornando-me dependente

De um amor lindo e maduro
Que espero viver um dia
Enfim, entregar-me ao jogo
Da sedução e alegria

Juntar nossos corações
Em compasso sincronizado
E assim, com o meu amado
Vivenciar essa paixão


CATULO FERNANDES — O poeta e ativista cultural Catulo Fernandes nasceu em Camaquã no dia 08 de março de 1964. Sócio fundador da Casa do Poeta Camaquense - CAPOCAM esteve na presidência em duas gestões. Foi um dos fundadores do Núcleo de Pesquisas Históricas - NPHC e da Associação Pró Cultura de Camaquã - ProCult, exercendo a função de assessor de imprensa das três entidades.
No início de sua caminhada publicou “Viagem ao Fundo do Verso” (poesia existencial - 1989) e “Escorado no BarCão” (haicais - 1991). Atua na área do jornalismo e da publicidade, tendo sido editor do extinto jornal alternativo Culto & Grosso. Atualmente é colunista do jornal Gazeta Centro-Sul (Guaíba) e do jornal Tribuna Centro-Sul (Camaquã).
Em 2004 foi escolhido Patrono da Feira do Livro de Camaquã e no ano seguinte estreou na literatura infantil com a obra “A bruxa gorducha e a vassoura magricela”. Em 2006 foi Destaque Literário na Feira do Livro de Arambaré e em 2007 foi patrono da Feira do Livro de Cristal. Neste mesmo ano, juntamente com o historiador João Máximo Lopes lançou o livro álbum “Camaquã - Terra Farroupilha”, uma obra de resgate histórico, que integra o novo Plano Diretor do Município. Em março de 2009 organizou e editou a revista literária “Cidade da Poesia”, comemorativa aos 20 anos da CAPOCAM com a participação de 48 autores.

DÁDIVA

© CATULO FERNANDES

A minha poesia não tem preço
aos pobres ofereço
meus versos até de graça
e canto generosamente na praça...
aos ricos nada peço
permitam-me ao menos a taça
do vinho tinto que mereço


ABILIO PACHECO — nasceu em Juazeiro (BA), viveu a primeira infância em Coroatá (MA), dos 07 aos 27 morou em Marabá, e hoje reside em Belém (PA). Estudou Eletricidade no SENAI-Marabá, fez Magistério na Escola Estadual Dr. Gaspar Vianna, cursou Licenciatura Plena em Letras na UFPA-Marabá e Mestrado em Letras – Estudos Literários na UFPA-Belém. Trabalhou como eletricista, foi bibliotecário por cinco anos e colaborador do Jornal O Correio do Tocantins. Como professor trabalhou em escolas particulares de Marabá (A Fazendinha e Colégio Alvorada) e públicas federais em Belém: dois anos e meio na Escola Tenente Rego Barros (ligada a Aeronáutica) e cinco anos no CEFET-PA (hoje IFPa), onde ajudou na implantação do curso de Letras e foi coordenador do mesmo. Atualmente é professor da cadeira de Literatura Brasileira da UFPA, Campus de Bragança. Aos 17 anos obteve o primeiro destaque em certames literários com o poema “Elegia de Maria”, na mesma época obteve destaque num concurso de redação do SENAI e foi primeiro lugar num concurso de Redação organizado pelo Rotary Club de Marabá para alunos de Ensino Médio de escolas públicas (mais de 600 participantes). Na década de 90, editou os fanzines Estigma-sia e Mosaico, juntamente com Eliton Moreira. Organizou as miniantologias poéticas Mosaico (formato semiartesanal) e alguns concursos literários. Foi membro do Conselho Municipal de Cultura de Marabá. Teve poemas musicalizados por Paulo Cardoso, tendo participado do Festival da Canção de Marabá numa das suas últimas edições. Publicou Poemia (poesia) em formato semiartesanal em 1998 e Mosaico Primevo (poesia) em 2008. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense com sede em Marabá. Participa de várias antologias literárias e é um dos organizadores da Antologia Literária Cidade. É também contista e cronista; está com um projeto de narrativa longa ‘em gestação’ e com a perspectiva de lançar um novo livro de poemas em 2010, baseado em parte no Salmo 137.

MARÉ CHEIA!

© ABILIO PACHECO

A leveza férrea da máquina sobre o Rio Guamá
adeja sobre águas turvas e pesa.
E pesa! a mesma coisa de ferro que adeja pesa.
Como pode?
Meu ser, tão leve que sinto,
já não bóia como esta coisa de ferro.
Meu ser tão leve
tão leve afunda
tão leve imerge
Tão leve... pesa?
neste leito de existência.
Se fosse eu de ferro boiaria neste rio?

Entretanto, recuso o sofisma imediato.
Recuso ser boiante no mundo.

Leve, afundo


ÁUREA MIRANDA — Gaúcha de Santana do Livramento e filha de imigrantes portugueses, aprendeu muito cedo a ler, escrever, trabalhar e enfrentar o minuano e as geadas – do clima e da vida. E nos intervalos de todas as jornadas – engraxate, chacareira, auxiliar de geleiro, feirante, secretária de escola, professora e oficial de justiça – sempre escreveu, compôs música, fez teatro e lançou desafios aos animais racionais inoperantes: metade de seu currículo. A outra: amar sempre com muita intensidade.

ECCE HOMO

© ÁUREA MIRANDA

Tantas coisas que o tempo amortalhou – e às tantas
se foi acrescentando o peso da mortalha!...
Cada viagem, um sonho – e um navio que encalha
antes de ver o porto. E vamos lá – que as santas

brisas feitas promessas tecem nova malha
no organismo das almas, produzindo mantas
para esconder o putrefato das infantas
esperanças sem luz, no parto da navalha.

Mas o homem persiste – a humanidade é forte –
e até mesmo resiste a procurar a morte:
a maioria insiste e cumpre os dias seus.

Porque ele sabe, eu creio, que o crucificado
é um signo que veio em cada qual plasmado,
como princípio, meio e fim para ser deus.

BRENDA MAR(QUE)S PENA — Poetisa mineira, nasceu em Belo Horizonte em dia de folia de Reis, 06 de janeiro de 1981. Enveredou-se pela escrita literária aos 12 anos e aos 14 foi destaque em prêmios de crônica, conto e poesia e passou a integrar o Clube Literário de Brasília. Hoje Preside o Instituto Imersão Latina (IMEL) e representa o Movimento Poetas del Mundo como Cônsul de Belo Horizonte.
Possui textos em diversas antologias nacionais e internacionais. É uma das autoras de Mulheres no Banquete de Eros/Mujeres en el Banquete de Eros – Editora Abrace 2008, lançado em Cuba e na I BIP – Bienal Internacional de Poesia na capital do Brasil. Em 2008 apresentou o Ritual da Mulher Poliglota durante o XVI Congresso Brasileiro de Poesia de Bento Gonçalves que foi publicado este ano no livro Letras de Babel 4 do Movimento aBrace. Medalha de Bronze no Prêmio Carlos Drummond de Andrade CBM, em 1998, e no I Festival de Cultura Popular, 2000. Participou da Bienal Internacional do Livro do ano 2000, de São Paulo, pela Alba Editora e em 2009, no Rio de Janeiro, pela All Print Editora.
Brenda é formada em Jornalismo, pelo Centro Universitário de Belo Horizonte, com mestrado em Literatura e Outros Sistemas Semióticos, pela UFMG. Neste ano de 2009 lança seu primeiro livro individual: Poesia Sonora – histórias e desdobramentos de uma vanguarda poética, pela coleção Dissertar da Tradição Planalto Editora.
Apresentou performances poéticas no Brasil, Cuba, Estados Unidos, França e Argentina. Participou da Jornada Andina de Literatura Latinoamericana (Jalla 2008) como palestrante no Chile e na Venezuela durante o Fórum Social Mundial Policêntrico em 2006.

ÁTRIO INTERNO

© BRENDA MAR(QUE)S PENA

A um poeta não está reservada glória
Nem dos deuses nem dos humanos
Ele transita no discurso do indizível
Tecendo os fios da própria memória
E produz metáforas até do desprezível.

Tocado pelo cheiro na intimidade
No belo não vê mais efemeridade
Tateia os gostos e saboreia olhares
Diverte-se com cenas do imperceptível
A luz de seus olhos penetra o invisível
E colore a alma humana de existência.

Dê-lhe os rios, pontes e portas
Papel, caneta e computador
Deixe-o construir ferramentas
Para aliviar sua cortante dor.

Ele come as palavras e depois as cospe
Mastiga literatura e a tritura no estômago
Constrói os concretos no que abstrata
Perfuma de essência tudo o que trata
O prato oferecido pode até ser amargo
E, ainda que doce, produzirá o atrito
Capaz de desfazer todo viver restrito.

BENEDITO C. G LIMA — nasceu em São Paulo, aos 11?06/1949, mas radicou-se em Corumbá, cidade com que se identifica. Poeta, jornalista, historiador, trovador, ativista cultural, professor e contista. Formado em História e Pedagogia (UFMS-CEUC). Autor já premiado em festivais de músicas, concursos literários, feiras de ciências. Tem trabalho publicado na Revista Escola. Fundador de entidades culturais, entre elas: Academia de Literatura e Estudos de Corumbá (ALEC), Academia Corumbaense de Letras, Núcleo Cultural de Ladário e SEAPAN.
Participação em 40 antologias, organizador de “A Nossa Mensagem”, “Impacto Jovem”, “Três Vozes a Mais”, “Amantes da Esperança” e “Ainda Nascem Flores I e II”
Fundador do Movimento Negro em Corumbá, escolhido Cônsul dos Poetas Del Mundo em 2006. Autor de “Pantanal” e “Pantanal City — Historinhas da Vovó”.

POEMA PARA ELA

© BENEDITO C. G. LIMA

Teu rosto Moreno
Sereno Feliz
Me diz num oceano
Pequeno que sou do teu gosto!
Tua voz Meiga
Chega
Mansinha
Em meu ouvido – e duvido
(cá entre nós...)
Que exista tão linda coisinha!
Tuas mãos
São aves
Graves
Que trazem o amor
Para mim
Assim
Em mil corações:
Você é minha flor!!!
Teu rosto...
Tua voz...
Tuas mãos...
São coisas que fazem de ti um poema!

BASILINA PEREIRA — Nasceu em Ituiutaba-MG, mas reside em Brasília desde 1983. É professora aposentada, advogada, com especialização em Direito Processual Civil. Tem 3 filhas e 3 netos e, embora a Literatura sempre tenha feito parte de sua vida, só em 2006 voltou a escrever poesias. Participa de várias comunidades do ORKUT, onde posta seus poemas, já obteve êxito em vários concursos promovidos via Internet, já participou de duas antologias: POEMAS À FLOR DA PELE, elaborada pela comunidade do mesmo nome e POETA, MOSTRA TUA CARA, editada sob a coordenação do Proyecto Cultural Brasil Sur, e ainda do livrinho infantil POEMAS À FLOR DA IDADE, também elaborado pela comunidade retromencionada. Em sua recente jornada literária, já produziu quatro livros de poesias: QUASE POESIA (em fase de publicação), JANELAS (em fase de publicação); ARABESCOS E FLOR TARDIA, que serão publicados no próximo ano.

O AMARGO DA LÍNGUA

© BASILINA PEREIRA

A tarde me recebe sonolenta,
cinzenta, até parece uma nuvem
descontente.
Rabisco cicatrizes em forma de poemas,
emblemas iguais àqueles tantos
cujo encanto
ficaram pendurados nas manhãs de sol.
Arrebol. Mas onde foram parar
os versos
— diversos - que me lembravam sons de harpa?
Escarpas também escondem letras,
palavras,
que degolam sentimentos,
momentos naufragados na memória,
que não tem cor,
mas comporta-se como real camaleoa
e à-toa mesmo, traz de volta
o amargo da língua.


ALEXANDRE BRITO — é poeta, músico, editor.organizou para a Prefeitura de Porto Alegre a célebre coleção de poesia Petit-Poa. também produziu eventos como o 2˚Poetar e a 1˚Semana de Fotografia de Porto Alegre (1991). é um dos editores da ameopoema. publicou O fundo do ar e outros poemas (2004), Zeros (1991) e Visagens (1986). Circo Mágico (2007), seu primeiro livro para crianças, foi indicado ao prêmio Açorianos de Literatura Infantil 2008. Integra a banda os poETs que lançou em 2005 o Cd Música Legal com Letra Bacana. o novo disco do grupo, prestes a sair do forno, se chama surpreendentemente apenas os poETs.

o livro

permaneceu mudo durante anos
suas orelhas ouviram tudo o que fora dito naquele recinto

as palavras
tipograficamente impressas no papel amarelado
nunca lidas nunca folheadas
jaziam inertes

surpreendentemente
numa manhã gelada de inverno
precisamente às onze horas e trinta minutos do dia
treze de julho de mil novecentos e cinqüenta e nove
uma segunda-feira, o inesperado
algo admirável acontece

como formigas diminutas no interior das páginas
letras, sílabas, vocábulos, movimentam-se em frenesi
parágrafos, diálogos, sinais de pontuação, sintagmas, interjeições
tudo se reacomoda internamente para contar uma nova história

sem emitir qualquer juízo
em quatrocentos e trinta e cinco páginas
um relato fidedigno de tudo quanto presenciara ao longo de décadas

a verdade pode afinal vir à tona
as entranhas de três gerações de uma família centenária
expostas à luz e aos olhos dos interventores

mas, inadvertidamente
por um capricho do destino
sua espessura é exata para sustentar como calço
o pé quebrado de uma estante no quarto dos serviçais

seu oportuno e conveniente uso é imediato
o pé da página apóia-se no roda-pé da parede