POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

quinta-feira, março 25, 2010

ELISA ALDERANI — Nasci na Itália em 1938. Os caminhos da vida me levaram até Ribeirão Preto estado de SP. Desde 1978 moro aqui, pois foi acolhida com muito carinho pelo povo desta cidade, quase todos oriundos de imigrantes italianos. Depois de ter exercido a profissão de comerciaria, aposentei e dei asas aos meus sonhos de escritora. Desde criança gostei de literatura, apesar de ter frequentado uma escola profissional de química industrial. Freqüento oficinas culturais no SESC e oficinas Candido Portinari da Casa da Cultura. Sou membro da Casa do poeta, ocupo a cadeira Nº15 da Galeria das letras Dr. Miguel Cione, da União dos escritores Independentes de R.P. (U.E.I.) e também da União Brasileira de trovadores (U.B.T.), pois amo escrever trovas. Tenho alguns trabalhos publicados em Antologias de São Paulo, de Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e de Ribeirão Preto. Sendo alguns deles premiados. Em 2008, publiquei meu primeiro livro bilíngüe: “Flores do meu jardim - Fiori del mio giardino” (produção independente) com finalidade solidária.

MÁGICO MOMENTO

© ELISA ALDERANI

Para falar de você...
Procurei nos livros um pensamento.
Não encontrei.
Preciso olhar nos seus olhos.
Firmes me alcançam.
Acariciam meu rosto confuso.
Preciso olhar seus lábios sutis.
Brotam palavras mansas.
Preciso olhar suas mãos.
Apoiadas firmes na mesa.
Elas sabem expressar com arte
Seu jeito de viver.
Sabedoria dos puros de coração.
Palavras entrelaçadas de filosofia.
Parecem explicar tudo.
Não satisfazem.
Não concluem sua imagem.
A não ser sua presença
Melancólica e sábia.
Seguem pensamentos...
Mágico momento.

MARÇAL FILHO — Cantor, compositor, poeta, jornalista, cronista, natural de Guanhães, Minas Gerais e radicado em Itabira, terra de Drummond. Teve seu primeiro poema chamado “Quimera” publicado na Coletânea “Poetas Brasileiros de Hoje”, lançado pela Shogun Editora e Arte em 1992. Atualmente é Presidente da AMITA (Associação dos Músicos de Itabira) e membro da ASPI (Associação dos Poetas e Escritores Itabiranos). Lançará em julho de 2007, seu primeiro Romance que tem como título “O Afilhado”, uma história de ficção. Pertence atualmente ao “Movimento Trial de Itabira”. Esse movimento é regido pela tríade: Amizade, Idealismo e Arte e é formado por amigos poetas e compositores que comungam as mesmas idéias e compartilham dos mesmos sonhos.

VISCERAL

© MARÇAL FILHO

Sigo transando idéias
Nessa epopéia de ilusões
Rasgo as entranhas da vida
E as vísceras exponho
Como se certeza fosse
Que meu sim é seu não

Vivo entre o pódio e o abissal
Balançando ao vento
Como uma folha ao leu
E quando vislumbro outro sim
Novamente um menino
Me vem a teimar

E tudo então é incerto
De tão longe ando perto
Dessa busca de amar!!!


SANDRA SANTOS — Minha bio não tem grafia legível ou fatos relevantes. Não coleciono prêmios nem escândalos. Tenho escrito a vida por linhas tortas, mas longe dos holofotes. Sou uma gaúcha de temperamento mate. O frio do sul causa em mim um coração desconfiado. Leio Bukowski. Sou lexoerótica de nascença. Meu único medo é me perder de São Luiz Gonzaga ou das minhas reticências...

DORAVANTE DORA

© SANDRA SANTOS

Na noite escura
A luz é Dora
Dourada Dora
Mulher não és
Rabit, Dora?
Entre os sinais
Sinaliza Dora
Entre os espelhos
Já é Senhora
Sem mãe, sem pai
Sem história
Simplesmente Dora
Dourando ao sol
Dura luz
De Dezembro
É Dora
Café pequeno
No Café Concerto
Entre borboletas,
Mariposa é Dora
DuraDoura
Contra a luz
No chafariz
Moeda morta
Meretriz
Menina insiste
Do fundo do fosso
Canção blue
Tema livre
Dora em declive
Teto Escarro Vão
Na noite escura
Luz difusa
Mariposa descontinua
Alguém chora
No beco escorre
Para sempre, Dora...

NEY RAMIREZ CALDEIRA — nascido em Porto Alegre aos 1935 D.C., é bento-gonçalvense desde 1950. Escreve pouco, se esconde muito. Não fora o Bacca e a Haidê, mais o seu filho Rafael, não teria participado de diversas antologias locais. E nem publicado o volume primeiro do seu “Minha vida em versos”. Tem dúvidas de que a Poesia tenha se enriquecido com isso, mas é grato pela oportunidade.

frustração

© NEY CALDEIRA

vi o outono derramando folhas,
o inverno
debulhar chuva nas ruas.
o sol se escondendo medroso,
frio, geada,
beleza reduzida a nada,

menos o que mais queria:
mundo namorando mundo,
falando de amor,

tecendo poesia.

BENEDITA AZEVEDO (Benedita Silva de Azevedo) — Filha de Euzébio Alberto da Silva e Rosenda Matos da Silva. Radicada no Rio de Janeiro desde janeiro 1987. Mudou-se para a Praia do Anil, Magé-RJ em janeiro de 1990. Educadora, poeta, escritora e animadora cultural. Formada em Letras, especialista em Educação e pós-graduada em Lingüística. É membro efetivo da Academia Mageense de Letras, da Academia Pan – Americana de Letras e Artes, do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais, da União Brasileira de Trovadores - RJ, da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira, do Grêmio Haicai Ipê-SP e da ABRALI. Delegada do Portal CEN, da Associação de Poetas do Rio de Janeiro e do Clube de Escritores de Piracicaba. Coordenadora do Grêmio Haicai Sabiá e do Grêmio Haicai “Águas de Março”. Patronesse da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores. Pertence ao movimento Poetas Del Mundo - Cônsul de Magé – RJ. É haicaísta premiada em vários concursos nacionais. Publicou 11 livros individuais. Organizou 08 antologias. Tem participação em revistas, jornais e sites. Participou de 24 antologias.
Sua trajetória no mundo do haicai inclui 04 publicações: Nas trilhas do haicai, Ed. Da autora, 2004; Canto de Sabiá, haikai e Praia do Anil haikai, Curitiba, Araucária Cultural, 2006; Gota de Orvalho, haikai, 2007, também da Araucária Cultural. Recebeu vários prêmios a nível nacional: O 1º lugar no 17º Encontro Brasileiro de haicai, realizado em São Paulo em novembro de 2005. Em 15 de setembro de 2007 recebeu a medalha Nº 215 “Henrique Valadares” e Diploma outorgada pela Augusta Respeitável Grande Benemérita e Grande Benfeitora Loja Simbólica Cayru Nº. 762. Através do Ato Nº 7897, de 15/04/2008-RJ, foi agraciada com Diploma e a Medalha Recompensa à Mulher na Maçonaria Fluminense. Em 24 de junho de 2008 foi classificada em 5º lugar (Menção Honrosa) no Concurso Nacional de Haicai Nempuku Sato – Curitiba – PR.

O TEMPORAL E O BEIJO

© BENEDITA AZEVEDO

Segunda-feira, após a Semana Santa,
volto ao trabalho cheia de saudade.

Dezessete anos, primeiro amor...
após uma semana longe de ti
nada me faria ficar em casa.

Ao raiar o dia eu cheia de anseios
olho pela janela, as nuvens carregadas,
o temporal, o vento a soprar e os raios
deixam-me desanimada e triste.

O coração contara dias, horas e minutos
para o reencontro naquela manhã...
E agora, aquele impasse iria atrasar
aquela longa espera de tantos dias.

Decidida abri o armário e vesti a capa,
calcei as galochas e abri o guarda-chuva,
saí porta afora sem olhar para trás.

Na primeira esquina, um carro em disparada
dá-me um banho com água da sarjeta.
Praguejo e sigo em frente alheia ao temporal.

Alguns passos à frente, o vento zombeteiro
transforma o guarda-chuva em vela destroçada
a drapejar bem forte e as hastes a voar.

Chego ao trabalho toda encharcada
e ao me vês de longe corres para mim.
Levanta-me no ar num abraço apertado
e rodopias no meio do salão.
Então um beijo ardente une as nossas almas
para todo sempre... Eternamente.

VERLUCI ALMEIDA — Natural de Batatais (SP), onde resido. Casada, tenho dois filhos. Cursei Educação Física nas Faculdades Claretianas de Batatais. Sou professora, mas aposentei-me como bancária, trabalhando por 23 anos no Banco do Brasil. Escrevo há pouco mais de 4 anos, quando ao interagir com amigos poetas na Comunidade Navegantes das Estrelas, senti a poesia em mim. A convite do poeta Tonho França participei da "I Antologia do Grupo Versos e Versos", meu primeiro E-Book.
Participo das antologias "Poesia do Brasil", volumes 4, 6, 8 e 10 que foram lançadas em out/2006, out/2007, out/2008 e out/2009, em Bento Gonçalves (RS) quando da realização do XIV, XV, XVI e XVII Congresso Brasileiro de Poesia. Estou junto com Soninha Porto na Antologia "Poemas à Flor da Pele" volumes 1 e 2, e na "Poeta Mostra Tua Cara", volumes 5 e 6 e por Chris Herrmann fui convidada para participar da Antologia"Poetas do Café", volume 3, na Comunidade "Café Filosófico das Quatro".

JABUTICABAS

© VERLUCI ALMEIDA

Pomar de minha infância:
Laranjeiras, bananeiras, abacateiro,
Mangueiras, goiabeiras, uvas docinhas.
Um cajueiro e o pessegueiro em flor.

Mas o que eu mais curtia era a jabuticabeira.
Quando florida, prenuncio de doçura no ar,
Enchia de doce expectativa, meu paladar.
Como era bom chupar jabuticabas no pé!

O sabor só pode ser comparado
A esta doce e suave lembrança.
É na jabuticabeira de minha infância,
Que reencontro os meus sonhos...



WANDA MONTEIRO — Sou Amazônida, fruto do encontro de Amantes.Vim da seiva quente de Benedicto Monteiro, um Poeta e Pescador de Sonhos, semente plantada no templo sagrado e fértil de Wanda, Mulher Guerreira, Mãe na mais pura definição. Uma maternidade vivida e sofrida, deixando rastro de coragem por onde passava, por onde plantava, por onde colhia e alimentava. Cheguei no Outono, nascendo às margens de um Igarapé, veia d!água do rio Tapajós. Nasci na hora do crepúsculo, contemplada pelo Sol. Fui banhada e batizada em águas amazônicas. Aprendi a respirar Água, a ouvir a voz do Vento, a sentir o cheiro da Chuva, a nadar na malha de Mururés. Me encantei com a voz da Mata. Fui seduzida pelo olhar da Restinga. Me vesti de Terra, bebi o Rio, cresci e verdejei. Sob o signo da Mãe Natureza, visto ambivalência!.
Sigo, transitando na fronteira entre a impassividade da razão que me atordoa, que me distancia, que me confina, que me objeta e me e a emoção que me testemunha, me aproxima, que me explica, que me intui e me confere o ideal do existir. Quando Terra, sou viajante de caminhar frêmito e errante. Quando Água, sou navegante. Um navegar de espanto, decifrando labirintos liquefeitos de paisagens, de memórias, de fantasmas. Quando Mãe, sou senhora de uma existência plural onde vivo a vida de Marcelo, André e Aline, meus filhos, meus pedaços de verdadeiro amor.
Hoje, com mais de meio século de vida, sigo, ora emersa ora submersa, no olho d’água do Rio que contemplo e que levo, correndo sob meus pés. Escrever! Esta é minha sina. Costurar películas de vida vivida, sofrida e sonhada. Deixando um rastro de poesia como testemunho de Mim.


ESCOMBROS

© WANDA MONTEIRO

A madrugada
Já não me é mais doce
A madrugada
Já não me é mais morna
A madrugada
Já não me afaga como brisa

A madrugada
Gélida
Singra–me
Vara-me
Parte-me
Deixando-me em ruínas

A madrugada
Já não me é contemplação

A madrugada

Agora

Contempla meus escombros

WALNÉLIA PEDERNEIRAS — Walnélia Corrêa Pederneiras, 11/12/1949, catarinense, casada, tem uma filha - Florianópolis-SC. Formada em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora de Yoga e Meditação, desde 1978, praticante de Yoga desde 1971. Escreve desde menina. Publicou seus versos pela primeira vez em 2006, no XIV Congresso Brasileiro de Poesia, no volume IV da Antologia "Poesia do Brasil". Em 2007, participou das seguintes Antologias: "Poesia do Brasil" (volume 6), "Poetas do Café" (volume 3) e "Poetas En/Cena I(III "Belô Poético). Em 2008: "Antologia Escritores Brasileiros... e Autores em Lingua Portuguesa - Volume 6, "Antologia Escritores Brasileiros... e Autores em Língua Portuguesa - Volume 7 (Vitória da Conquista-BA) "Poetas En/Cena 2" - (IV Belô Poético), "Poesia do Brasil" volume 7, Antologia "Poesia do Brasil"volume 8, "Poeta Mostra a tua Cara" volume 5, "Poemas à Flor da Pele" volume I, "Poetas del Mundo em poesias" volume I. Em 2009: “Poesia do Brasil” – volumes 9 e 10, “Poeta, Mostra a tua Cara” – volume 6 e “Poemas à Flor da Pele” – volume 2. É Cônsul de "Poetas del Mundo"em Florianópolis – SC. Membro da Academia Poçoense de Letras,titular da cadeira n 43-Poções, Bahia-Brasil.

COTIDIANO

© WALNÉLIA PEDERNEIRAS

Tua camisa azul
passei à ferro...
Cativei-a
sem resposta
Por alguns segundos
senti teu cheiro
de homem amado...
Tua ausência atormenta
mas é fácil esquecer
por alguns instantes
que estou só...
mais só do que nunca.
Então passei outra camisa
com azul...

JOÃO JOSÉ OLIVEIRA GONÇALVES – JJotaPoeta – é natural de Bagé/RS. Filho de José Faustino Gonçalves da Silva e de Adelaide Oliveira Gonçalves. Cursou o Primário no então Grupo Escolar “15 de Novembro” e Ginásio e Científico no então Colégio Estadual de Bagé – hoje. “Dr. Carlos Klwve”. Mora em Porto Alegre/RS, desde dezembro/1965, onde Cursou Letras e Comunicação Social/Jornalismo – ambos na PUCRGS. Lecionou Português e Literatura em várias escolas do magistério público estadual, na Capital gaúcha. Desde menino, sentiu-se atraído pelo encantamento das Letras e vem, desde lá, seu gosto pela leitura e pelo ato gostoso e difícil de escrever.
Amante da Mãe-Natureza e dos irmãos-animais, fascinado por São Francisco de Assis e pelas trilhas do Xamanismo. Poeta e prosador, ensaísta e palestrante, detém diversos troféus, medalhas e diplomas – conquistados em certames literários nacionais e internacionais.
Outrora, fazia parte de diversas entidades literárias e academias, das quais retirou-se, paulatinamente, decepcionado com as vaidades, as brigas pelo poder, as ambições desmedidas e as invejas deletérias que estão sempre de plantão...
Hoje, faz parte apenas do Grêmio Literário “Castro Alves” – Porto Alegre/RS – e da Confraria Artistas e Poetas pela Paz/CAPPAZ – fundada, em Porto Alegre/RS, em 09 de abril/2008, da qual foi seu primeiro Presidente Nacional e é, atualmente, seu Presidente de Honra.

EU? ANDO POR AQUI...

© JOÃO JOSÉ OLIVEIRA GONÇALVES

Eu? Ando por aqui... Sou descaminhos
O passo hesitante... quase ausente!
Me encantam os flautins dos passarinhos:
Acordes do Bom Deus – Onipotente!

A Dor me aliviam dos Espinhos
Que põem o coração triste e descrente!
São Cânticos de Paz... Doces carinhos:
São Bálsamos de Luz à Alma impotente!

É assim que sobrevivo a esta Babel
De violência, inveja e ambição
Cumprindo a contra-gosto meu Papel!

Quimera alimentei... Perdi a Razão
Por que esta Cicuta em vez de Mel
Por que Amar (em vão!) uma Ilusão?


SANDRA ALMEIDA — uma miscigenação de mineiros, paulistas e baianos. Nasceu no Paraná está radicada em Rondônia, depois de percorrer diversas regiões do Brasil. Tem 3 filhas (Thays,Rúbia Helena e Maíra) e 2 netos (Joaquim José e Maria Eduarda). Membro Fundadora da Academia de Letras de Cacoal/RO (ACLEC), Cadeira 3, Patrono Machado de Assis. Publicação em vários sites e participação em várias antologias. Geógrafa por formação e poeta por opção!

FIM DE LINHA

© SANDRA ALMEIDA

Quando meus
olhos fingem
não te ver.

É quando meu
silêncio interior
rompe-se.

Sinto-me neutralizada
e tento uma desculpa.

Mas a sintonia desafinou...


RUBENS VENÂNCIO FILHONasceu no Rio de Janeiro e mora em Juiz de Fora. Atua como médico-psiquiatra e pescador de poesia. Ser poeta não é inventar poesia, mas descrever a poesia que já existe e se mostra; e a poesia que se esconde, sem que se saiba onde. A poesia tem a ver com aberturas. A poesia acontece quando o poeta abre as portas do tempo e a conquista. Quando ele abre os olhos diante de uma pintura ou de uma pintora! Abrir um bom vinho, dependendo da companhia, também faz acontecer poesia. Ou a boca, para através dela, o coração dizer tum-tá-tum- tá, de alegria... Salvo melhor juízo (poeta sabe o que é isso?!), a poesia já existe antes de ser descrita. Se o poeta falha, ao tentar descrevê-la, nem por isso se penitencia, pois na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma em pó, que é o começo de poesia...

FIAT LUX

© RUBENS VENÂNCIO FILHO

Era ainda o tempo da escuridão
O olhar atento do criador
Arquitetando sua construção
Vislumbra um ponto de luz voador

De luminosidade intermitente
E pirilampamente bela
Ora presente, ora ausente
Eis que a vida se revela!

Não havia ainda uma só estrela
Nem tampouco existia a lua
Que luz afinal seria aquela?

Assim a criação se resume:
A pequenez do sol se insinua
Na grandeza de um vaga-lume



MARINEVES RODRIGUES - Maria das Neves Rodrigues da Silva Nasceu em Cuiabá (MT) em 05/08/1957 na Fazenda Jofre (Pantanal), sendo seus pais Joaquim Bento Rodrigues e Balbina Mendes Rodrigues, já falecidos. Escreve poesias desde os 14 anos; já tem quatro(4) obras imortalizadas em participação nas coletâneas: Antologia dos Poetas virtuais, Poemas à Flor da Pele e Poesia do Brasil.

A LÁGRIMA DA ROSA

© MARINEVES RODRIGUES

Adormeci, e na inconsciência do sono.
Vivia um momento abstratamente mágico
Que me envolvia no abandono
Surreal de um sonho lindo... Ilógico.

Desabrochava ante aos meus olhos, ela!
Refestelava sua cor suave e singela
Em tons rosa-claro emoldurando a tela.
Rosa delicada, em degrade, simplesmente bela.

Cor-de-rosa era o sonho; e dela!
Projetava-se uma haste que chorava pérola,
Visão mais linda que uma aquarela.
Exclamei: Pena que não é rosa amarela!

Minha alma mística e temerosa
Aflita ficara porque chorava a rosa
Lágrimas de pérola branca e formosa.
Sintam o perfume que exala em forma de prosa.

SÔNIA MARIA GRILLO — Baby® — que é como me conhecem, apelido de infância que ficou como marca registrada...
Poetisa? Bem, se escrever com emoção, dar sentido ao amontoado de palavras que transporto para o papel, aos rabiscos sem fim pelas madrugadas insones, pode ser considerado poesia, então acho que posso dizer que sou poetisa sim!
Participo de todas as Antologias Poéticas que me convidam. Para mim é uma grande honra figurar ao lado de grandes poetas nacionais e internacionais.
Sou Cônsul de Poetas Del Mundo do Estado do Espírito Santo e moro em Vitória-ES.

DOANDO-ME

© SÔNIA MARIA GRILLO

Envolvendo-te
num abraço
dissolvendo-te
num beijo
aconchego-te
no meu regaço
acariciando-te
do meu jeito
tento calar
tua saudade
tento aplacar
tua ansiedade
com doçura e calma,
ternura e calor
para transbordar
tua alma,
inundando-a de amor.

TÚLIO HENRIQUE PEREIRA — Brasileiro nascido em Itumbiara, no interior do Estado de Goiás, em 18 de fevereiro de 1982. É autor de contos, poemas e peças teatrais. Desenvolve pesquisa como bolsista Fapesb por meio do programa de mestrado Memória: Linguagem e Sociedade, na UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -, com ênfase em história, etnicidade, iconografia e literatura. Em março de 2008, lançou seu primeiro livro de poemas intitulado O Observador do Mundo Finito, pela Scortecci Editora. A projeção de seu trabalho o levou a participar da segunda edição da antologia portuguesa Amante das Leituras, publicada pela Edium Editores, em maio do mesmo ano, em São Mamede de Infesta, Matosinhos/Portugal.

APHRODISIA

© TÚLIO HENRIQUE PEREIRA

Entregue às paixões
Afrodisia sem nome
Intenso gosto de ter
No colo o dorso e ser
Aquilo cotejado ao fim

Entregue às paixões
Não me condenem
Pois que sou que quero
Ter na pele o sortimento
Daquilo que venero em si

Entregue às paixões
Já não mais peço amo
Tanto quanto o pêlo
Sobre o lábio espesso
Ordenando tê-lo em mim

Entregue às paixões
Não mais mereço
Sinto desaparecer na luz
Escuridão absoluta
Ao tornar o mais no mesmo



ELIENE TAVEIRA — Eliene Dantas de Miranda Taveira nasceu a 02/03/1948 no município de Tucano, pequena cidade do Estado da Bahia elegendo em 1961 São Paulo como sua Terra Natal. Bacharel em Ciências Sociais e em Direito, Auditora Fiscal da Receita Federal do Brasil aposentada. Advoga atualmente nas áreas Trabalhista e Cível. Participou de vários congressos na área do Direito, além de ser pós-graduada em Direito Público e Privado. Sempre foi admiradora das Artes em geral – teatro, música e, sobretudo poesia. Organizou saraus em São Paulo nos anos de 2006, 2007 e 2008 e 2009. Realizou, também, dois Encontros de Poesia e Prosa durante o ano de 2008. Membro apoiador da CAPPAZ –Confraria Artistas e Poetas pela Paz.


EU

© ELIENE TAVEIRA

Feita de sonhos não realizados
Imperfeições contidas
Amores não vividos
Esperanças perdidas

Sou toda sentimento
Nem sempre compreendida
Amo demais sem limites
Sem esperar recompensa

Dormi mal muitas vezes
Chorei lágrimas sentidas
Por um amor que se foi
Deixando-me muitas feridas.

Gosto demais do que faço
Sofro infinitamente por amor
Sobrevivo entrelaçada
No travesseiro da dor.


MAMED ASSIM ZAUITH — Natural de Barretos, Estado de São Paulo, atualmente vive em Curitiba - PR. Desde jovem mostrou paixão pela literatura, poesia e música, tendo estudado música clássica e violino. É Geógrafo, formado pela Universidade Federal do Paraná, bacharel em Direito, Pedagogo, com pós-graduação e especialização em metodologia de ensino superior. Exerceu a docência nas redes pública e privada e na Universidade Federal do Paraná. Foi homenageado pelo Rotary Club de Curitiba e pela Câmara Municipal de Curitiba, pelos relevantes serviços prestados em prol da educação e da cultura. É membro efetivo do Centro de Letras do Paraná e ocupante da cadeira nr. 38 da Academia Paranaense da Poesia, que tem por patrono Eno Teodoro Wanke.
Para ele, o poeta é um sonhador, cuja alma perscruta a imensidão do Universo, pintando em ricos matizes, enternecedores poemas, esculpindo frases, burilando estrofes as mais sentidas e, sobretudo, dando aos versos, sublime encanto de comovente e excelsa ternura!


MÃE

© MAMED ASSIM ZAUITH

Quantas vezes, vossas foram nossas dores,
quantas vezes, de mãos postas rogastes,
em prece súplice orastes
ouvindo o silêncio da noite!
Vossa voz doce e meiga
é acalanto e berceuse,
vossa aura de pureza
é nossa inspiração!
Guardais a renúncia do mártir,
a coragem dos heróis,
a bravura do indômito,
a sabedoria dos filósofos,
a sensatez dos justos,
a resignação dos humildes,
a generosidade dos nobre!
Quantas vezes suportais as chagas
poupando nossas dores.
Carregais a cruz
para não galgarmos o calvário.
Ajoelhais
para andarmos de pé.
Tributais lágrimas
para que nos alegremos.
Chorais
para sorrirmos.
Sentis frio
para dar-nos calor.
Secais vossos lábios
saciando-nos a sede!
Perdoando...
sois clemente e generosa.
Protegendo...
austera e inflexível.
Abençoando...
angelical e santa.
Educando...
exemplo e doação.
Sois estóica na virtude,
inexorável na fé,
inabalável na esperança!
Vosso terno afago
tem o ciciar de brisa;
o farfalhar da ramagem,
o remansear do regato.
Sois a chama, sois a vida,
à vossa volta, tudo se altea,
se ilumina.
Sublima e alcandora.
Resplandece!
Que nossas lágrimas de gratidão
rolem a vossos pés
e subam aos céus,
em forma de oração!



LUIZ EDUARDO GUNTHER — Nasceu em Concórdia - SC em 03.03.54. Reside em Curitiba - Paraná. Graduou-se em História e Direito pela Universidade Federal do Paraná, onde também obteve os títulos de Mestre e Doutor. É professor do Centro Universitário Curitiba-UNICURITIBA, desde 1987, onde leciona na graduação, especialização e mestrado. Também é desembargador federal do trabalho perante o TRT da 9ª Região. Integra a Academia Nacional do Trabalho e o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. É autor de diversas obras na área Jurídica.

O INSTANTE DO OLHAR

© LUIZ EDUARDO GUNTHER

Há um espaço vazio
naquele olhar
que viaja,
e contempla.
e espera.

De repente, encontra
outro olhar
perdido...
e os olhares
se buscam
e se acham.

O instante
fez-se poema
com olhares apenas.


SÔNIA CAROLINA — Mineira de Uberaba, Minas Gerais, radicada em Brasília desde 1977, é Poeta, Escritora, Artista Plástica, é Psicanalista e Terapeuta Holística. Publicou seu primeiro livro de poemas “Falando de Amor” em 1990, o qual recebeu em âmbito nacional, o Prêmio Máster de Literatura, como o melhor livro de poemas publicado de 1982/1992, promovido pela Academia de Letras de Anápolis, GO. Inúmeras vezes premiada, participa de Antologias, Jornais e Revistas com Poemas, Ilustrações, Contos e Crônicas. Editado e entregue ao público no dia 09 de Maio de 2006, em Brasília, DF, o livro de poemas “Metamorfose”, alia suas duas paixões, versos e telas usadas como ilustrações, onde a poeta reúne obras apresentadas em países como Portugal, Espanha, França, Suíça, Berlim, Canadá, e em vários estados brasileiros. A ser editado em data próxima a ser divulgado, o livro de Contos e crônicas “Confidências no Espelho”.

DELÍRIOS

© SÔNIA CAROLINA

Traço sonhos e gestos
pela languidez da noite indecisa,
enquanto meus beijos, mudos de espanto,
pousam sobre as pétalas das rosas desfolhadas,
retrato apagado de tudo que não foi...
Minha alma anda perdida pelos sonhos...
As mãos postas, aureoladas de encanto,
trêmulas e frias.
Palpitantes, os seios, arfando silenciosos
numa apoteótica melodia,
mergulham numa escala ascendente,
tangendo os sons da alma em doce encanto,
a sonhar estrelas pela languidez da noite entristecida...
Ensaio o vôo lúdico por sobre as sombras indecisas,
enquanto descerro a luz, náufrago à deriva
nesse mar de brumas e silêncio,
absorto,
lúcido.
Viajo pelas franjas desse sonho, e
embora nunca saibas,
pelos caminhos do teu corpo, sigo.



JULIO CESAR DE OLIVEIRA — Barnabé do TJSP no fórum de Batatais, onde nasceu em 1957, sempre viveu e algum dia morrerá por total falta de iniciativa. Menos que bissexto, poeta-cometa por baixa frequência e consistência pouca. Marido de Sílvia, a quem conquistou com poesia aplicada, e pai de Vítor e Heitor, craques em poesia pura.

JOGO

© JULIO CESAR DE OLIVEIRA

Tem o dom teu não
de dar um fim
ao que de bom
me dá teu sim.
Teu sim me dá o ar;
teu não sufoca.
Teu sim me traz o mar;
teu não me afoga.
Teu sim me faz o pão;
teu não, o breu.
E lá vou eu
sem céu, sem chão
no ir e vir
de não e sim
de sim e não
sem ter mais fim.



CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO LOPES — Poeta Honoris Causa,pelo Clube Brasileiro de Língua portuguesa,para oito países Lusófonos. Cônsul Z-C em Belo Horizonte,Mg,Brasil por “Poetas del Mundo. Diretora Regional do InBrasCi. Pesquisadora do MUNAP. Vice presidente do IMEL. Doutora Honoris Causa,Filósofa PH.I-pela ALB e CONALB. Embaixadora Universal da Paz, pelo Cercle Univ. de Les Ambassadeurs-Genebra, Suiça.


PORTAS E PORTAIS

© CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO LOPES

Nunca se sabe o há que atrás de uma porta,
se um príncipe encantado, se a Moura Torta,
se a vida continua ou se a Morte já entrou.
A expectativa faz o coração galopar,
corcel de ventania, salamandra de fogo,
— ser bem ou mal recebidos, que importa
se todos os dias, a soleira não se lava,
mas se for lavada, a mesma entrada será?
Atrás da porta, uma mesa posta, uma mala feita,
o falso carinho, a afeição genuína...
Bater, campainha ou aldrava,
com os nós dos dedos,avisar
da chegada, no momento preciso.
Chegar e abrir, um ato de coragem
desapercebido e necessário,
no cotidiano dos vivos, sinais...
Aos que partem para a outra dimensão, portais...



IVY MENON — Nasci livre. Cresci solta no mato. Aos cinco, aprendi capinar e plantar milho; aos seis construía e armava arapucas; aos sete manejava estilingue e anzóis; e aos oito, subia em coqueiro para derrubar palmito, em meio as cobras e lagartos, tatus, pombos, frutas, mel... Eu era mesmo jacu e, do mato, plantava e colhia o alimento, preparava meu próprio prato. E sonhava com palavras. Sempre fui livre (até para se submeter é preciso ser livre). Mais velha de sete irmãos, aprendi a ter cuidados e cantigas de ninar, brincar de esconde-esconde, boi de bucha, carrinho de mão ou rolimã, e a dançar, sapatear, se preciso fosse... eles riam, dormiam em meu colo e, assim, mamãe podia catar algodão naquele mundão de meu Deus, e os quilos colhidos, recolhidos, pesados, medidos, depois, vendidos, eram transformados em comida e alegria. E eu era tão livre! Fui à escola, aprendi a ler, embora papai dissesse: "até a quarta série, está bom". Livre, amei livros e, neles, busquei fantasias, as histórias de lobisomens sacis, jibóias e sucuris bichos dos infernos em volta, fora e dentro, protegendo a floresta (medo de fogo...) Antes de os ler, me pertenciam. Meus os livros, eu dei a eles minha sina: escrever, apesar da lida, do trabalho, do sustento da família (a enxada, presente de aniversário de oito anos, achei o máximo). Todo aquele chão pela frente; todo aquele céu para cima... e, na volta para casa, a imensidão do rio com varinha de pescar. Sim, sempre fui livre... aos quinze menstruei; aos dezesseis, primeiro beijo, então, me vi mulher! Papai, herói, derrubava no machado a mata atlântica. No braço. De repente, virara "o Gato": agenciava bóia-fria, e aos trabalhadores distribuía, nos fins de semana, a paga, mas aos filhos não, dizia: "primeiro os dentes, depois, parentes" Então, eu e meus irmãos - absolutamente livres da fome, inclusive - comíamos arroz e cebolinha sentados no chão ao redor da panela, uma colher só, repassada de mão em mão, e como no templo, repartido o pão, a comunhão e papai a comer salame, a tomar cerveja, e brindar a saciedade (tinha tantas namoradas!!!)
Sempre sonhei, livremente, a cantar la traviatta ou la bella polenta ou um noturno de Chopin ou Camaleoa, de Caetano ou o piano de Jobim ou, de mim, a amar Chico Buarque, ídolo, absoluto... Me dei ao luxo de tirei dez. Muitos dez fui na escola: dez em olimpíada, dez em matemática. E física quântica era o que há. E poesia meu dia-a-dia. Aos vinte, deixei a roça e a enxada. Apropriei-me, definitivamente, da caneta e tornei-me jornalista. Marido morto, escolho o feijão ao sonho. Burocrata, ganho bem e sustento nove bocas e desta lista consta eu, a que segura a barra de tantos. Formei-me em Ciências Jurídicas. Admiro as Leis. Quero administrá-las. Mas escolhi ser Mestre em Filosofia. As Letras me fascinam.
Como poeta, tímida, escondi meus versos. Eu os tinha apenas para mim. Engavetava-os. Isso, até quando deixei de temer os homens e os apresentei em varais, cartões postais, bilhetes de amor e, modernizada, globalizada, postei-os nos sites e orkuts. Ousei participar de um concurso. Voei alto: a Academia Brasileira de Letras era parceira. O Palco da ABL o dia "D". Venci. Meu primogênito "Flores Amarelas" foi o prêmio. A academia de Letras de Maringá, meu sonho. Agora, além de livre, é meu o direito de ser eu mesma: ando de patins, corro pela praia, ainda subo em árvores... rio dos meus próprios erros... Continuo livre, presa apenas às mãos pequeninas dos netos em minhas saias.


AUSÊNCIA

© IVY MENON

Não. Não penso em homens.
Meu corpo esvaziou-se de sonhos.
As madrugadas insones lembram-me nomes.
Como quando se caminha de noite
e se distancia das luzes até que, antes da curva da estrada,
elas se tornem apenas vaga-lumes tontos no horizonte.

Não. Não há o que me console, lá atrás.
Não é possível, gritando nomes,
resgatar a alma que se desgarrou de mim.
E vaga-lumes fogem da alva.



JAIR A. PAULETTO — Nasceu na cidade de Nova Bassano/RS, em 1967 e, atualmente, reside em Porto Alegre. É economista e especialista em Administração Hospitalar. Em 2006, descobriu na poesia uma forma de terapia, mas foi na prosa que teve seus primeiros trabalhos reconhecidos. Mantém, desde 2006, uma coluna no Jornal Atualidades de Três Passos. Em 2007, participou do livro Algumas Ficções, da editora de Leon, que reúne obras de autores brasileiros e portugueses. Em 2008, participou das Antologias de Poesias, Contos e Crônicas Elo de Palavras da Scortecci e da Poemas à Flor da Pele. Nesse mesmo ano lançou Imenso Amor Intenso, seu primeiro livro de poesias, pela editora Age.

VERSOS DO MEU AMOR

© JAIR A. PAULETTO

Recebi versos do meu amor falando de desejo
Do aroma das flores, que lhe alentam a alma...
Do corpo que estremece, e por mim clama
Das defesas que se desguarnecem
Diante do atrevido desejo, que se inflama...
Distantes das mãos, mas, fundidos na alma...
Escorem as lágrimas de amor e emoção
Como posso expressar o tamanho do meu querer
Sem que possas ver pelas janelas do meu olhar,
Que o que há em mim, só existe para te amar.
O tempo não existe, quando o verdadeiro amor existir.
O passado é presente, e o futuro é o eterno agora
Todo dia e toda hora são vividos para te amar
O desejo é nos dado, para ser realizado
Está chegando o dia, para esse amor saciarmos.


JAIRO DE BRITTO — Filho de mãe pernambucana e pai carioca, nasceu em Vitória (ES) em 1952. É jornalista há 35 anos. Foi aluno dos cursos de Letras, da Universidade Federal do Espírito (Ufes), e Psicologia da Universidade "São Judas Tadeu" (USJT), em São Paulo. Fez vários cursos breves, sobre editoração e áreas afins, na Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), e de extensão na University of California at Los Angeles (UCLA). Na década de 70, foi professor de Inglês e Português para Estrangeiros em institutos de línguas.
Desde 1970, publica poemas, crônicas e contos em jornais, suplementos literários e revistas de vários Estados. Seus poemas estão em antologias lançadas no ES, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Em Vitória lançou, em 1978, a revista "Sim", pioneira na veiculação exclusiva de Poesia e Ficção em seu Estado. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Associação Capixaba Escritores. Integrou a equipe responsável pela implantação da TV Educativa no ES, como produtor e apresentador.
Os poemas constantes desta antologia, que ele dedica à memória dos seus pais, Claudionor de Britto e Natalina Morais, e aos seus filhos Arthur Ruy de Britto e Leonardo Ramon de Britto, são do livro inédito "Dunas de Marfim".

CIGANOS NA GIRA

© JAIRO DE BRITTO

Cartas, braceletes de prata,
com planos de fundo reais.

Carros e igrejas,
com vitrais a prumo,
desenham meus dias
de abismos desertos.

Cartas, argolas de ouro,
cavalos com adornos de cobre.

Carros e tendas, com fitas
e velas de cores tantas,
povoam minhas noites
de ciganos despertos.

Cartas, cordas e colares,
com anos e aros de contas azuis,
habitam minhas noites
de sonoras fogueiras.

Cofres e arcas, moedas,
arco-íris e sonhos,
refletem meus pares
de planos diversos.


HELMAR FERNANDES — Helmar não existe para a literatura... é um profissional apaixonado pelos peixes, pela natureza e pela poesia... trabalha com pessoas e ama o que faz, mas sua filha e o seu amor eterno é que lhe inspiram a falar do amor... Sem a pretensão de ser um poeta, empresta sua poesia a um pseudônimo que gosta de falar do amor e da natureza... das coisas simples... Tem a sorte de viver em uma das mais belas cidades deste país... a fria e linda Poços de Caldas, no sul das Minas Gerais... Começou a escrever aos 12 inspirado pelo irmão, cuja genialidade obscura ainda o inspira e intriga...
Seu sonho? Estar pra sempre ao lado das pessoas que ama e viver de pesca, aquarismo e poesia... e poderia haver coisa melhor?

ALGUÉM

© HELMAR FERNANDES

Alguém!
Alguém aí me ajude!
Tenho as mãos trêmulas
O choro a me engasgar
Fiz o que pude

Alguém!
Alguém aí me escore!
Me tire dessa arritmia
Me dê um coração
Que não me mate a cada dia

Alguém!
Alguém aí me ampare!
Põe meu coração de novo
Monocórdio, copioso
Põe na minha boca algo que cale

Alguém!
Alguém aí me socorra!
Me afasta logo desse amor
Me arranca esse estigma do peito
Antes que dele eu morra

Alguém!
Alguém aí me salva!
Pois eu não suporto nem aceito
Tirar de dentro do meu peito
Teu rosto de anjo, tua pela alva

Alguém!
Alguém aí me ensina!
Amar sem ter medo
Viver sem tais entrechos
Aceitar minha sina

Alguém!
Alguém aí me mate!
Pois que não suporto o veto
O impedir de nascer o feto
A mancha no chão, escarlate

Alguém!
Alguém aí me convence!
Que a despeito da dor
Quem acredita no amor
Sempre vence, sempre vence!