POETAS DO BRASIL

Blog para divulgar poetas brasileiros e estrangeiros que têm participado das atividades do Congresso Brasileiro de Poesia, realizado anualmente na cidade de Bento Gonçalves/RS, sempre na primeira semana de outubro

sexta-feira, julho 13, 2007



FERNANDO AGUIAR — Nasceu em Lisboa, em 1956. Licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Desde 1972 que se dedica à poesia experimental e visual utilizando os mais diversos suportes.Publicou 8 livros de poesia, 3 livros infantis e organizou 6 antologias de poesia visual.
Colaborou em 53 antologias e livros colectivos de literatura contemporânea, e em mais de 650 jornais e revistas de arte e literatura em vários países.
Realizou 34 exposições individuais em Portugal, Hungria, México, Polónia, Itália, Espanha e nos Emirados Árabes Unidos, e participou em cerca de 430 exposições colectivas.
Desde 1983 apresentou mais de 100 performances poéticas em Festivais, Museus e Galerias de Arte em Portugal, Espanha, França, Hungria, Canadá, Itália, Polónia, República Eslovaca, Alemanha, México, República Checa, Brasil, U.S.A., Japão, Holanda, Colômbia, Cuba, China, Macau, Islândia e em Hong-Kong.
Organizou diversas exposições e Festivais de poesia e de Performance em Portugal, Itália, França e no Brasil, e colectâneas de poesia visual portuguesa em revistas
em França, Portugal, México, Brasil, Espanha e nos U.S.A.
Alguns livros: “O Dedo” (ed. Autor, Lisboa, 1981), “Poemografias – Perspectivas da Poesia Visual Portuguesa” (ed. Ulmeiro, Lisboa, Portugal,1985), “Rede de Canalização” (ed. Câmara Municipal de Almada, 1987), “Minimal Poems” (ed. Experimentelle Texte, Siegen, Alemanha, 1994), “Os olhos que o nosso olhar não vê” (ed. Associação Poesia Viva, Lisboa, 1999), “A Essência dos Sentidos” (ed. Associação Poesia Viva, Lisboa, 2001), “Imaginários de Ruptura / Poéticas Experimentais”, (ed. Instituto Piaget, Lisboa, Portugal, 2002).
Fernando Aguiar é o maior expoente mundial da poesia visual da atualidade. Amigo do Congresso Brasileiro de Poesia, do qual já participou inúmeras vezes, é um dos criadores, ao lado de Hugo Pontes, da MOSTRA INTERNACIONAL DE POESIA, realizada anualmente em Bento Gonçalves.

PENSAMENTO

© FERNANDO AGUIAR


“Pensamento vem de fora
e pensa que vem de dentro”
Arnaldo Antunes

pensamento ou pensaminto
penso no nada que sinto
penso tanto, penso pouco
penso até ficar rouco.
penso muito, penso apenas
penso em iras serenas.
penso que sim, logo penso que não;
pressinto o que pensa o coração.
sonho agora, penso depois
vejo amor e somos dois.
penso entretanto, penso pois é
e sustento que assim é que é;
penso que fico, penso que parto
e fujo fechado no quarto.
penso que levo, penso que trago
repenso no tanto que estrago.
reparto logo, reajo comigo
se penso que já não consigo;
olho por baixo, penso por cima
e resolvo a razão da rima.
penso assim, penso assado
pensamento que vem de lado.
penso de longe, pouso aqui perto
e refreio um pensamento incerto.
penso que faço, penso que fiz
pensamento que se contradiz.
penso que fui, logo anoitece,
pensamento que se merece.
penso o reverso, fico deserto;
e erro ao pensar sempre certo.
penso a frio, penso a quente
não penso muito raramente...
penso, que raio! penso que rio,
repouso no som do vazio.
penso que caio, sorte madrasta;
e penso que pensar não basta.
penso que então, penso que tento
pensamento a cem por cento.
penso enfadado, penso que enfim;
repenso naquilo que pensa em mim.



FERNANDO FÁBIO FIORESE FURTADO — nasceu em Pirapetinga, Zona da Mata de Minas Gerais, no dia 21 de março de 1963. Residindo em Juiz de Fora (MG) desde 1972. Publicou Leia, não é cartomante (1982), Exercícios de vertigem & outros poemas (1985), Ossário do mito (1990), Dançar o nome, (2000, em parceria Edimilson de Almeida Pereira e Iacyr Anderson Freitas), Corpo portátil (2002) e Dicionário mínimo: poemas em prosa (2003), todos de poesia. Como ensaísta tem editados Trem e cinema: Buster Keaton on the railroad (1998) e Murilo na cidade: os horizontes portáteis do mito (2003). Doutor em Ciência da Literatura/Semiologia pela UFRJ, atua como Professor do Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Poemas, contos e ensaios de sua autoria figuram em periódicos e antologias editados no Brasil e no exterior (Argentina, Estados Unidos, Itália, Espanha e Portugal).


A CASA

© FERNANDO FÁBIO FIORESE FURTADO

na rua da Casa não passe.
o futuro será póstumo

a fachada da Casa não olhe.
os olhos serão outros

na calçada da Casa não pise.
a terra será queda

os frutos da Casa não coma.
dentro as paixões disparam

aos viventes da Casa não fale.
qualquer palavra é rendição

os cômodos da Casa não visite.
os gatos enlouquecem de tanta beleza

na Casa eu vivo.
os ausentes são minha família


(Extraído de Ossário do mito, 1990.)



JADE DANTAS — nome usado, desde criança, por Jadiceli Maria Dantas Gomes.
Paraibana, reside no Recife. Arquiteta, com pós graduação em Web Design. Além de escrever, também é pára-quedista e bailarina clássica.
Faz parte da Coletânea “Pimenta Rosa”, publicada em 2006 com mais 15 escritoras pernambucanas. Atualmente, tem um livro pronto para publicação e muitos poemas publicados na Internet onde pretende continuar escrevendo. Possui dois Blogs voltados à poesia e textos:
http://arabesquedesonhos.blogspot.com - http://jadiceli.blog.uol.com.br além dos Blog com textos e poemas da coletânea: http://pimenta.rosa.zip.net
Endereços virtuais: jadiceli@gmail.com / jadiceli@uol.com.br



POEMAS SECRETOS

©Jade Dantas

Guarda-me no olhar de menino
onde me refugio. Segreda-me
ao ouvido as melodias
sonhadas desse amor vadio.

Permanece em minhas mãos
onde ninguém traduz.
Põe sonetos de devoção
no meu corpo em desatino.

Escreve-me tuas ardências,
marca-me na pele arrepiada
tua irreverência e me seduz
com os poemas secretos dos lençóis.

LUIZ ALBERTO MACHADO — poeta, escritor, compositor musical e autor teatral pernambucano, editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites e escreve regularmente para jornais, revistas e alternativos impressos, além de blogs, sites e portais da internet. Já publicou 6 livros de poesias, 5 infantis, 2 de crônicas além de ter vários textos publicados em veículos impressos e virtuais do Brasil e do exterior. Parte do seu trabalho está reunido na sua home www.luizalbertomachado.com.br


VIDA VERDE VIVA

© LUIZ ALBERTO MACHADO

Convém lembrar da vida nos olhos de todas as manhãs.
Convém lembrar da terra dos pés de todas as cores, coisas, raças e crenças.
Convém lembrar de todos os ventos,
do rio de todos os peixes, todas as canoas, brejos, lagos e lagoas.
De todos os mares, oceanos e marés.
De todas as várzeas, todos os campos,
todos os quintais de todas as frutas e infâncias,
de todas as selvas dos bichos de todas as feras e mansas,
de todas as matas, de todas as flores e folhas,
de todas as aves, repteis e batráquios,
de tudo que brilha pra gente um outro sentido de vida.
Convém lembrar, acima de tudo, o direito de viver e deixar viver.


(In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992)